Muito Prazer, sou o Dr. Leonardo!

Sou Médico Psiquiatra, especializado em Terapia Cognitivo-Comportamental e estou ao seu lado para que possas entender um pouco mais sobre si mesmo, minimizando suas dificuldades e melhorando sua vida. Nossos dias são complexos e cada vez com mais barreira. Vamos, juntos, transpor todas elas em busca da serenidade e tranquilidade. Entre em contato, podemos conversar em Passo Fundo.

Especialidades

MINHA EXPERIÊNCIA

  • 2002
  • 2007
  • 2007
  • 2009
  • 2016
  • Graduação.

    Formado em Medicina na Universidade de Passo Fundo – RS no ano de 2002.

  • Pós-Graduação.

    Pós-Graduado, Latu sensu, em psiquiatria, no dia 26 de janeiro de 2007, pelo Instituto Abuchaim.

  • Pós-Graduação.

    Aprovado no concurso de título de Especialista pela Associação Brasileira de Psiquiatria, outubro de 2007.

  • Pós-Graduação.

    Formado em Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais pelo Instituto da Família, Porto Alegre - RS, dezembro de 2009 (num total de 600 horas – aula).

  • Pós-Graduação.

    Aperfeiçoado em Terapia Comportamental Dialética pelo Linehan Institute - Behavioral Tech, abril de 2016.

ATENÇÃO

SOBRE AS DOENÇAS

ANSIEDADE - UM MAL MUITAS VEZES IGNORADO

     A ansiedade e o medo são estados emocionais que fazem parte de todos os seres humanos e têm como função aumentar a capacidade de adaptação do organismo ao contexto ambiental, protegendo o indivíduo de sua destruição (morte ou nicho social). Enquanto o medo é uma resposta automática a um objeto, situação ou circunstância específica vista como ameaçadora, e está associado a sensações físicas intensas, como taquicardia, frio na barriga, aperto no peito e tensão; a ansiedade é um estado emocional complexo e muito mais prolongado, associado a previsões negativas ou incertas a respeito do futuro.    Os transtornos de ansiedade constituem o maior grupo de transtornos mentais na maioria das sociedades ocidentais e são uma das principais causas de incapacidade. Apesar de sua importância para a saúde pública, a grande maioria dos transtornos de ansiedade permanece indetectável e não tratada pelos sistemas de saúde, mesmo em países economicamente avançados (Craske MG, Stein MB, Eley TC, et al 2017). Se não forem tratados, esses distúrbios geralmente são crônicos com sintomas apenas oscilando de intensidade ou indo e vindo ao longo do tempo.    O Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) é o transtorno de ansiedade mais clássico e um dos mais comuns visto na prática clínica, ele é crônico e caracterizado por preocupações irreais ou excessivas, os pacientes com TAG têm preocupações diversas: preocupam-se em não serem bons o suficiente, preocupam-se em relação ao dinheiro, em relação à saúde, com os filhos e até mesmo se vão dar conta das tarefas do dia a dia. Esses pacientes engajam-se em ensaios mentais repetidos de possíveis soluções para tentar amenizar a ansiedade sem sucesso. É muito comum, por exemplo, ao deitar, os pacientes serem tomados por um turbilhão de preocupações, no qual um pensamento só desaparece, quando surge outro tão ou mais preocupante que o anterior, até que depois de um tempo, a pessoa capota por exaustão e adormece. Nesses casos, normalmente, o sono não é reparador.   A preocupação crônica, mantém esses pacientes em um estado de apreensão e tensão: é como se esses indivíduos vivessem sempre na presença de uma ameaça ou no limite, e, por isso, é comum eles apresentarem insônia, irritabilidade,  dificuldade de concentração ou sensação de “branco” na mente, tensão e dores muscular, tremores, dificuldade para relaxar, inquietude, fadiga e cefaleia.   Ainda que não faça parte dos critérios diagnósticos, podem estar presentes sintomas de hiperatividade do sistema nervoso autônomo simpático (aquele relacionado com a resposta de luta e fuga), em que diante de uma situação de ameaça, ocorre uma descarga de noradrenalina, causando aumento da frequência cardíaca e respiratória, boca seca, tontura, sintomas gastrointestinais (diarreia ou dificuldade de digestão) e vontade frequente de urinar. No entanto, diferente do que ocorre no ataque de pânico, no qual os sintomas surgem e atingem um ápice em poucos minutos, no TAG eles são mais amenos e constantes.    Além disso,   pessoas com TAG geralmente preparam-se excessivamente para atividades de desempenho, suprimem atividades de laser,  devido ao medo de não cumprir prazos, fazem verificações mentais e buscam reasseguramento para se certificarem de que tudo vai dar certo.PREVALÊNCIA  E IMPORTÂNCIA   É o transtorno de ansiedade mais comum na prática médica geral, ele tende acometer 3,6% dos homens e 6,6% das mulheres ao longo da vida, é mais comum em pessoas com mais de 24 anos, pois sua frequência aumenta conforme as responsabilidades de vida vão aumentando.  Tende a ser crônico, conforme mostrado por Wittchen (2008), que acompanhou jovens com TAG durante 10 anos, e observou que remissões espontâneas são raras, ainda que  possa haver períodos de calmaria.     São diversos os fatores de risco para o desenvolvimento do TAG, dentre eles, os principais são: o estresse relacionado ao trabalho; desemprego; separação; perda do cônjuge. (Wittchen H-U et al. Artch Gen Psychiatry 1994;51:355). As alterações neurobiológicas do TAG estão relacionadas a disfunções em neurotransmissores, como GABA, serotonina e noradrenalina.      Estudos que avaliaram a qualidade de vida desses pacientes mostraram estar equivocada a percepção de que este transtorno seja leve, tanto que aproximadamente 40% das pessoas com TAG vivem dependentes da previdência social, 30% nunca foram casados, 10% fazem abuso de álcool ou drogas e em torno de 14% acabam fazendo alguma tentativa de suicídio. Além disso, 3 em cada 5 pacientes afetados por este transtorno apresentam depressão e o TAG é possivelmente está associado a um maior risco de doenças cardiovasculares. Outras doenças relacionadas ao estresse, como cefaleias, fibromialgia ou síndrome do intestino irritável, costumam acompanhar o diagnóstico do transtorno (Cordioli, 2015).         Apesar de tudo isso, apenas um terço dos pacientes com transtornos de ansiedade generalizada procura tratamento psiquiátrico. Muitos vão a clínicos gerais, internistas, cardiologistas, pneumologistas ou gastrenterologistas, procurando tratamento para os sintomas físicos deste transtorno, mas 45% dos casos de TAG , nos serviços de atendimento primário, não são diagnosticados corretamente (Bandelow B et al. Dtsch Arztebl Int. 2013;110(17):300-9).QUANDO BUSCAR AUXÍLIO   A ansiedade é uma emoção inata aos Seres Humanos, por isso, o diagnóstico de TAG sempre é uma questão de intensidade. Então, se sua resposta for sim a várias das perguntas abaixo, você deve procurar ajuda profissional:1. Você tende a se preocupar demais? Sua preocupação é tão intensa que você não consegue relaxar e aproveitar a vida?2. Você fica ansioso diante de situações ou com coisas que a maioria das pessoas não ficaria?3. Quando ansioso, você tende a pensar no pior?4. Quando chega a hora de dormir, sua cabeça é invadida por preocupações?5. Você precisa de medicação para dormir ou para se acalmar?6. Você acha que sua ansiedade pode fazer mal para sua saúde?7. Você tem tido dor de cabeça, diarreia ou dificuldade de digestão, tremores, cansaço ou dor muscular?8. Você tem se sentido esgotado, como se estivesse no limite?9. Você evita ou protela atividades porque acha que elas vão lhe deixar ansioso?10. Sua ansiedade e preocupação estão presentes há vários meses? 11. A ansiedade e preocupação interferem com sua capacidade de concentração?DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL      Outras condições médicas gerais, como hipertiroidismo, podem apresentar sintomas similares ao TAG, o quadro de ansiedade generalizada deve ser também diferenciado de outras condições psiquiátricas como TDAH (sintomas de inquietude são parecidos em ambas as condições), transtorno bipolar (o pensamento acelerado pode estar presente em ambas condições), assim como do transtorno depressivo (ambos podem apresentar fadiga, dificuldade de concentração e alteração do sono). TRATAMENTO    O tratamento medicamentoso e psicoterápico produz uma melhora de aproximadamente 60% dos sintomas, provavelmente o resultado é mais significativo ainda quando se associa as duas formas de tratamento. Importante salientar que tratar o TAG vai além dos benefícios diretos da redução dos sintomas de ansiedade e preocupação, previne também o desenvolvimento de depressão, pois, aproximadamente, 4 de cada 5 quadros depressivos evoluem a partir de um quadro de ansiedade. O tratamento dos transtornos de ansiedade também previne o abuso de substâncias.   TRATAMENTO PSICOTERÁPICO: as psicoterapias são formas de tratamento que utilizam a comunicação e o relacionamento sistematizado entre o terapeuta e o paciente com o objetivo de o paciente conseguir identificar, entender e dar sentidos aos seus conflitos, corrigir as distorções nas percepções que faz de si mesmo, do meio que o cerca e do seu futuro, melhorar as relações interpessoais e seus sintomas de uma forma geral. Existem várias formas de psicoterapia, mas a mais efetiva e mais estudada no tratamento do TAG é a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC).       O principal foco da TCC no tratamento do TAG é reduzir a frequência, a intensidade e a duração dos episódios de preocupação o que levaria a diminuição associada dos pensamentos automáticos intrusivos ansiogênicos e dos sintomas da ansiedade generalizada. Esse objetivo será atingido modificando as avaliações e crenças disfuncionais, bem como as estratégias mal-adaptativas de controle responsáveis pela preocupação crônica. O tratamento bem sucedido transformará a preocupação disfuncional usada como estratégia evitativa de enfrentamento patológica em um processo construtivo orientado ao problema, mais controlado, no qual a pessoa ansiosa é mais tolerante ao risco e a incerteza. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: os ansiolíticos do tipo benzodiazepínicos (Clonazepam, Diazepam, Bromazepam, etc…) que surgiram nos anos 60 foram os primeiros medicamentos que se provaram eficazes no tratamento da ansiedade. Eles têm como vantagem o início rápido de ação (se não melhorar nos primeiros dias, não vai melhorar), melhoram concomitantemente o sono e possuem poucos efeitos adversos perigosos. Por outro lado, eles têm algumas desvantagens significativas que têm sido cada vez mais percebidas, como toxidade para o SNC, gerando sintomas como pseudodepressão, sedação e fadiga, prejuízo no desempenho psicomotor, memória e atenção, agravamento da irritabilidade e potencializam os efeitos do álcool. Ao se interromper estes medicamentos, após uso de longo prazo, é comum aparecer sintomas de abstinência ou de rebote. Além disso, esses medicamentos não têm ação sobre os sintomas depressivos e não tiveram sua eficácia comprovada a longo prazo.      Ao longo dos anos 70, ficou claro que se precisava de um medicamento alternativo aos ansiolíticos benzodiazepínicos. Então, surgiu a Buspirona, uma opção farmacológica que atua em uma parte específica do neurônio serotoninérgico, estimulando os receptores 5HT1A, ela tem como vantagem, comparada com os BZD, a ausência do risco de dependência. No entanto, ela demora mais tempo para agir e assim como aqueles ela não tem efeito antidepressivo. Essa medicação tem sido cada vez menos prescrita porque não se mostrou eficaz em diversos estudos clínicos. Mas, ainda é usada em casos refratários em associação com outras estratégias de tratamento.        Devido às limitações dos tratamentos anteriores, no final da década de 80, surgiu o primeiro estudo comparando o Alprazolam (ansiolítico BZD) com a Imipramina (um dos primeiros antidepressivos, que faz parte da classe dos antidepressivos tricíclicos). Nesse estudo, observou-se que o antidepressivo Imipramina foi mais eficaz para reduzir os sintomas psíquicos da ansiedade, como o pensamento negativo e a irritabilidade, no entanto, não foi tão efetivo quanto o Alprazolam para reduzir os efeitos somáticos da ansiedade. A partir desses dados, o autor comentou que pacientes com sintomas como preocupação crônica, ou com medo de relações interpessoais e com forte tendência a ruminação responderiam melhor ao tratamento antidepressivo (Hoen-Saric R, et al. J Clin Psychiatry. 1988; 49 : 293 a 301).        O problema era que a Imipramina tinha muitos efeitos colaterais somáticos, o que acabava dificultando o uso em pacientes com muitos sintomas físicos. Então, somente após o surgimento de novos antidepressivos em 1987, os chamados antidepressivos inibidores específicos da recaptação da serotonina (antidepressivos ISRS), que são bem mais tolerados, é que os antidepressivos se tornaram os medicamentos mais utilizados no tratamento da ansiedade generalizada. Os antidepressivos duais, como a Venlafaxina e a Duloxetina, também têm eficácia comprovada no TAG, assim como a Agomelatina, um antidepressivo com um sistema misto de ação. Se o paciente não apresenta melhora em até 6 semanas, é improvável que o medicamento vá ser eficaz (Cordioli, 2015), por isso, após esse período, o paciente deve voltar ao psiquiatra para revisar o tratamento inicial.    A Pregabalina medicamento utilizado para tratar a dor crônica e como coadjuvante do tratamento da epilepsia foi recentemente incorporada no arsenal dos tratamentos para ansiedade generalizada. O medicamento tem como vantagem a ausência de efeitos adversos sexuais, mas não possui efeito antidepressivo e pode ser um pouco sedativa para alguns pacientes.    Estudo realizado por pesquisadores Canadenses (2007) para avaliar a eficácia de fitoterápicos, como o Extratos de Centella asiática ou Valeriana  mostrou que estes dois extratos aumentaram/intensificaram a gravidade do TAG, quando ingeridos na quantidade de 1mg/mL, enquanto a camomila alemã mostrou algum benefício, quando ingerida na dose de 0,11 a 0,65mg/mL. Tratamentos alternativos (incluindo homeopatia e kawa-kawa) apresentaram os piores resultados dentre todos os tratamentos disponíveis para o TAG, por outro lado, existem algumas evidências iniciais de que a redução diária de cafeína, álcool e nicotina, bem como a prática de meditação (mindfulness), com relaxamento, exercícios físicos e respiratórios (ioga e tai-chi) podem ser benéficas (Cordioli, 2015)       Por fim, deve-se ter em mente que o diagnóstico do TAG é complexo, tendo em vista, que ele compartilha sintomas comuns a outros transtornos mentais e muitas vezes apresenta-se comórbido a outras condições psiquiátricas, e que uma parcela significativa de pacientes não respondem a primeira  estratégia de tratamento, por isso, o psiquiatra é o profissional ideal para o diagnóstico e tratamento deste transtorno. Leonardo Alovisi Martins, Médico Psiquiatra, CRM 27.614, Pós Graduado Pós Graduado em Terapia Cognitivo-Comportamental.Passo Fundo – RS, dia 31 de julho de 2018.  E-mail para contato: leonardo@martinspsiquiatria.com.brREFERÊNCIASAmerican Psychiatric Association: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition. Arlington, VA, American Psychiatric Association, 2013.Award R, Levac D, Cybulska P, Merali Z, Trudeau VL, Arnason JT. Effects of traditionally used anxiolytic botanicals on enzymes of the γ-aminobutyric acid (GABA) system. Canadian Journal of Physiology and Pharmacology, 2007, 85(9): 933-942, https://doi.org/10.1139/Y07-083Bandelow B, Berner JR, Kasper S, Linden M, Wittchen H-U, Moeller HJ. The diagnosis and treatment of generalized anxiety disorder. Dtsch Arztebl Int. 2013;110(17):300-9.Clark D, Beck A. Terapia Cognitiva para os Transtornos de Ansiedade. Porto Alegre : Artmed, 2012. Cordioli A. PSICOFÁRMACOS CONSULTA RÁPIDA. 5° Edição – Porto Alegre: Artmed, 2015, SEÇÃO 2; 553-561.Craske MG, Stein MB, Treating Anxiety in 2017 Optimizing Care to Improve Outcomes JAMA July 18, 2017 Volume 318, Number 3. Craske MG, Stein MB, Eley TC, et al. Anxiety disorders. Nat Rev Dis Primers. 2017;3:17024.Hoehn-Saric R, Macleod DR, Zimmerli WD. Diffrential effects of Alprazolam and Imipramine in generalized anxiety disorder: somatic versus psychic symptoms. J Clin Psychiatry. 1988; 49:293-301. Wittchen H-U et al. DSM-III-R generalized anxiety disorder in the National Comorbidity Survey. Artch Gen Psychiatry 1994;51:355-364.V Curso de Clínica Psiquiátrica. Aula de Transtorno de Ansiedade Generalizada, ministrada pelo Dr. Márcio Antonini Bernik. Manole educação, 2017. 
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TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO (TOC)

    O Transtorno Obsessivo-Compulsivo, mais conhecido pela abreviação TOC, é um transtorno comum, afetando aproximadamente 2,5% das pessoas ao longo da vida, crônico (taxa de remissão espontânea de apenas 20% em 40 anos), que geralmente inicia aos 20 anos de idade, mas pode surgir antes, caracterizado por sintomas do pensamento (obsessões), do comportamento (rituais ou compulsões, repetições, evitações, lentidão para realizar tarefas e indecisão) e sintomas emocionais (medo, desconforto, aflição, ansiedade, dúvida, culpa e depressão), ele tem alta comorbidade com depressão e transtornos de ansiedade e, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, o TOC causou mais incapacidade que a Esclerose Múltipla e a Doença de Parkinson combinados, não obstante a isso, ele continua sendo subdiagnosticado tanto na assistência primária como por psiquiatras, a tal ponto que o tempo médio do início dos sintomas e o início do tratamento farmacológico é de 8 anos. Mesmo os pacientes que recebem atendimento, apenas 10% recebem um tratamento baseado em evidências.      DIAGNÓSTICO:      Como a maioria dos transtornos psiquiátricos, o diagnóstico do TOC é baseado na avaliação clínica e não em exames laboratoriais ou de imagem. A característica definidora do transtorno é a presença de obsessões e/ou compulsões que consomem tempo (p. ex. > 1h por dia), são angustiantes ou prejudicam a função diária e não são o resultado direto de uma condição médica ou uso de substâncias. Geralmente há uma relação entre as obsessões e compulsões, por exemplo, um paciente com obsessões de dúvida, tende a fazer compulsões de verificação, já aquele que tem obsessões de contaminação, tende a fazer compulsões de lavagem, mas em alguns indivíduos pode haver apenas obsessões ou apenas compulsões.      Obsessões são pensamentos, idéias, imagens, palavras, frases, números ou impulsos que invadem a consciência de forma repetitiva e persistente. Geralmente, elas causam medo, angústia, culpa ou desprazer, por isso, os pacientes fazem rituais/compulsões ou evitam determinadas situações para evitar ou amenizar a dor emocional. Os pensamentos obsessivos caracterizam-se pela intrusividade e pela dificuldade em serem afastados da mente, mesmo quando considerados absurdos ou ilógicos pelo indivíduo.      As obsessões devem ser diferenciadas de sintomas similares (por exemplo, pensamentos negativos repetitivos, pensamentos perseverantes) que estão associados a outros transtornos psiquiátricos.      Já as compulsões são comportamentos ou pensamentos repetitivos realizados para tentar amenizar a ansiedade ou o sofrimento associados a obsessões e devem ser diferenciadas de estereotipias e hábitos.        AS PRINCIPAIS OBSESSÕES E SUAS CORRESPONDENTES COMPULSÕES 1 – Preocupações com sujeira, contaminação e doenças: é o tipo mais comum de obsessão. É caracterizada por pensamentos ou imagens de estar sujo ou contaminado ou por medo de contrair doenças, se cumprimentar ou tocar em determinado objeto ou pessoa. Este tipo de obsessão está associado a compulsões de limpeza ou lavagem e a comportamentos de evitação, como não usar banheiros públicos. 2 - Obsessões de conteúdo sexual ou violento – são os chamados “pensamentos horríveis”: é o segundo tipo mais comum de obsessão. Pode envolver cenas ou imagens de conteúdo sexual bizarro, como ter uma relação sexual com um irmão, pai, tio, ou podem ser pensamentos ou imagens de estar agredindo alguém ou torturando alguém. Esse tipo de obsessão geralmente é associado à compulsão mental de tentar afastar o pensamento ou de dizer a si mesmo que não é capaz de cometer tal maldade, dizendo para si mesmo que não é um pedófilo ou uma pessoa violenta, também é comum que a pessoa evite a situação relacionada com a obsessão, por exemplo, não ficando sozinha com o filho por medo de molestá-lo. 3 – Medo de causar um dano: a pessoa é assolada por pensamentos ou imagens intrusivos de que vai derrubar o bebê que está segurando ou que atropelou um pedestre quando dirigindo. Esse tipo de obsessão geralmente está associado a compulsões de checagem, por exemplo, o motorista pode voltar ao local onde teve a obsessão para checar se de fato não atropelou ninguém. 4 - Dúvidas patológicas, medo de falhar: a pessoa experimenta ansiedade devido a dúvidas patológicas, como se trancou ou não a porta de casa, se desligou ou não o gás, apesar de recém ter feito isso. Devido a esses pensamentos, a pessoa acaba se engajando em comportamentos de verificações para tentar se tranquilizar. Quando o sofrimento associado à dúvida é muito grande, alguns portadores do TOC simplesmente se esquivam de situações de responsabilidade, evitando, por exemplo, sair por último do local do trabalho, não sendo assim responsáveis por desligar os equipamentos ou trancar as portas. 5 – Necessidade de simetria e precisão de ordem: a pessoa experimenta intensa ansiedade ao ver objetos desalinhados, especialmente, quando acompanhada de crenças mágicas, tais como acreditar que se um determinado objeto estiver fora do lugar, algo de ruim pode lhe acontecer ou acontecer com alguém que ama. Por isso, as pessoas que sofrem desse tipo de obsessão não permitem que outras pessoas organizem ou toquem nas suas coisas. 5 – Obsessões de conteúdo mágico: muito parecido com uma pessoa supersticiosa, caracterizada por crenças sem base na razão ou no conhecimento que leva a criar falsas obrigações, a temer coisas inócuas, a depositar confiança em coisas absurdas. Por exemplo, a pessoa pode acreditar se sair de casa no dia 13, algo de ruim vai acontecer com ela ou com os seus familiares. Outro exemplo desse tipo de obsessão é o pensamento de que irá morrer, se for num cemitério. Ou seja, as obsessões de conteúdo mágico caracterizam-se pelo temor que algo aconteça baseado numa superstição popular levada ao extremo ou alguma similaridade do objeto ou situação com o pensamento que gera medo (roupa vermelha possui a mesma cor do sangue/ cemitério é um local relacionado com estar morto). A principal manifestação comportamental desse tipo de obsessão é a evitação ou comportamentos supersticiosos.       VARIAÇÕES DO QUADRO CLÍNICO      Geralmente os indivíduos acometidos pelo TOC tem bom insight, ou seja, eles reconhecem que seus medos são exagerados ou não lógicos, mas alguns indivíduos podem pensar que suas crenças do transtorno obsessivo-compulsivo são provavelmente verdadeiras ou estarem completamente convencido da veracidade das mesmas. É importante investigar também se a pessoa apresenta ou apresentou transtorno de tique (doença neurológica caracterizada por movimentos ou sons súbitos, rápidos, recorrentes, desprovido de propósitos que ocorrem em resposta à sensação subjetiva de desconforto), porque existem evidências de que os indivíduos que sofrem de TOC com tiques possuem uma arquitetura genética e uma resposta diferente ao tratamento do que aqueles que apresentam TOC sem tiques.        TRATAMENTO         A farmacoterapia e a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) baseada na técnica de exposição e prevenção de resposta são consideradas os tratamentos de primeira linha para o TOC (Cordioli, 2015). Os medicamentos que demonstraram eficácia terapêutica no TOC em monoterapia são os antidepressivos serotoninérgicos: a clomipramina e os antidepressivos inibidores específicos da recaptação da serotonina (ISRSs).  A maioria dos pacientes vai ter ao menos um alívio dos sintomas com uma dessas duas intervenções e 40% dos pacientes podem melhorar completamente com o tratamento. Dado a eficácia comprovada da TCC e dos antidepressivos ISRSs no tratamento do TOC, eles geralmente são utilizadas em combinação na prática clínica (Matthew, 2017).          As diretrizes da Associação Americana de Psiquiatria (2007), revisado por Koran & Simpson em 2013, sugerem como primeira linha de tratamento a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), caso não aja resposta adequada após 13 a 20 sessões de TCC, iniciar tratamento com antidepressivo inibidor seletivo da recaptação da serotonina, se ainda não houver redução significativa dos sintomas, outras estratégias devem ser tentadas, como o antidepressivo Clomipramina ou a potencialização do antidepressivo com um medicamento antipsicótico atípico.       Há ainda várias estratégias promissoras de potencialização do tratamento farmacológico para os TOC resistente ao tratamento habitual, como a N-Acetilcisteína, a Memantina e o Celecoxibe, no entanto, é necessário ter alguma cautela em relação a estes medicamentos, tendo em vista que os estudos realizados com estes fármacos são pequenos e não foram ainda replicados em grandes populações.         REFERÊNCIAS: -  American Psychiatric Association: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition. Arlington, VA, American Psychiatric Association, 2013. -   Clark D, Beck A. Terapia Cognitiva para os Transtornos de Ansiedade. Porto Alegre : Artmed, 2012. -   Cordioli A, Gallois C, Isolan L. PSICOFÁRMACOS CONSULTA RÁPIDA. 5° Edição – Porto Alegre: Artmed, 2015. -   Cordioli A. VENCENDO O TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO. 2° Edição – Porto Alegre: Artmed, 2008. -  World Health Organization (WHO). The Global Burden of Disease: 2004 Update. Geneva, Switzerland:World Health Organization; 2008. -   Richter M, Clinical Correlates of Treatment Outcome in OCD – 2015 APA Annual Meeting on Demand.  American Psychiatric Association, 2015. -   Torres AR, Prince MJ, Bebbington PE, et al. Treatment seeking by individuals with obsessive-compulsive disorder from the British Psychiatric Morbidity Survey of 2000. Psychiatr Serv. 2007;58(7):977-982. -   Hirschtritt ME, Bloch MH, Mathews CA. Obsessive-Compulsive Disorder: Advances in Diagnosis and Treatment. JAMA. 2017, Apr 4;317(13): 1358-1367.   Autor: Leonardo Alovisi Martins, médico psiquiatra, CRM 27614 - RS, Pós Graduado em Terapia Cognitivo-Comportamental. Passo Fundo – RS, dia 14 de julho de 2018.   E-mail para contato: leonardo@martinspsiquiatria.com.br    
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DEPRESSÃO - O QUE É PRECISO SABER

Bruna, de 18 anos, recém passou no vestibular de medicina, mas inexplicavelmente não está se sentindo feliz, apesar de ter se esforçado muito para isso, sente-se estranha e como se nada fizesse sentido. Leandro, de 22 anos, sempre foi um bom aluno, mas no último semestre de engenharia, não tem conseguido manter seu desempenho, queixa-se de dificuldade para se concentrar e raciocinar, sua namorada comenta que ele está mais vago e indeciso. Roberta de 30 anos, mãe de duas filhas, está preocupando seus familiares, porque ela parece fria com sua filha mais nova e passa a maior parte do tempo dormindo. Essas são histórias fictícias, mas poderia ser a sua história.A depressão é uma doença geralmente crônica e recorrente, caracterizada por sintomas afetivos como tristeza, desânimo, perda da capacidade de sentir prazer e sentimentos de culpa; por sintomas cognitivos, como dificuldade de manter a concentração, esquecimentos, lentificação do raciocínio, dificuldade para executar tarefas, pessimismo e viés interpretativo negativo; por sintomas neurovegetativas, como o sono, energia e apetite; e sintomas comportamentais como protelação das atividades, isolamento e choro fácil. Os pacientes deprimidos apresentam limitações de suas atividades e comprometimento do bem estar. Em 2010, o custo, nos EUA, por ausência no trabalho foi de 23 bilhões de dólares, e o custo por diminuição de rendimento no trabalho chegou a incríveis 78 bilhões de dólares (Greenberg PE, 2015). Em mulheres, a depressão pode ter impacto negativo no desenvolvimento dos filhos e na dinâmica familiar. Em um grande estudo, realizado por Pilowsky DJ et al, constatou que o tratamento da depressão maior em mães até a remissão foi associado à diminuição de sintomas psiquiátricos e melhora funcional nos filhos. Ainda assim, a depressão segue sendo subdiagnosticada, ou quando diagnosticada, os pacientes que estão sofrendo desta condição não recebem tratamentos suficientemente adequados e específicos.HISTÓRIANo Velho Testamento, a história do rei Saul descreve uma síndrome depressiva, assim como a história do suicídio de Ajax na Ilíada, de Homero. Por volta de 400 a.C., Hipócrates usou os termos mania e melancolia para descrever distúrbios mentais. Em torno de 30 d.C., o médico romano Celsus, em sua obra De re medicina, descreveu melancolia (do grego melan [“negra”] e chole [“bile”]) como uma depressão causada pela bile negra. O primeiro texto de língua inglesa inteiramente relacionado à depressão foi Anatomia da melancolia, de Robert Burton, publicado em 1621 (KAPLAN & SADOCK’S, 2014).EPIDEMIOLOGIA e CURSOAinda que a depressão tenha sido reconhecida até mesmo antes de cristo, conforme mencionado acima, é inegável que sua incidência esteja aumentando, para o psicólogo Jean Twenge o aumento da depressão nos últimos 50 anos decorre do aumento do individualismo e a uma perda da conectividade social. No século XIX, quase ninguém vivia sozinho, no entanto, hoje, cerca de 30% dos lares são formados por uma pessoa. Mudanças constantes no mundo da moda podem fazer você se sentir como se estivesse perdendo algo, um fluxo contínuo de más notícias na televisão pode escurecer sua visão da vida, e o declínio na fé pode lhe proporcionar uma postura cínica e o aumento das expectativas extremamente altas aumenta a vulnerabilidade a depressão e a ansiedade (VENÇA A DEPRESSÃO. LEAHY, 2015). Mais recentemente tivemos o efeito das mídias sociais, estas parecem afetar nossos índices de bem estar e aumentar sintomas depressivos, conforme verificado por um ensaio clínico feito na Dinamarca com 1095 pessoas, os pesquisadores observaram que as pessoas que ficaram sem se conectar no FACEBOOK sentiram-se mais feliz, menos sozinha, com menos dificuldade de concentração e mais útil. Tudo isso em apenas uma semana off-line, os sintomas de disforia causado pelas mídias sociais, provavelmente, decorram do efeito de comparação social, ao invés de focarmos no que precisamos, nós temos a infeliz tendência de focar no que as outras pessoas têm.A depressão é o transtorno psiquiátrico mais prevalente no Brasil, assim como na maioria dos países ocidental. Um estudo multicêntrico mostrou prevalência de 5,8% em um ano, e 12,6% ao longo da vida. A depressão pode começar em qualquer idade, no entanto, o mais comum é que o primeiro episódio depressivo ocorra entre 20 e 30 anos de idade.Seu curso é crônico e recorrente. O risco de recorrência aumenta com o número de episódios, é cerca de 50% para quem tem um episódio, sobe para 75% para quem teve dois episódios, após o terceiro episódio o risco de ter um novo episódio é de 90% (Caldieraro MAK, et al, 2013). Um episódio dura, em média, 16 a 20 semanas, e 12% dos pacientes tem um curso crônico sem remissão dos sintomas.Cerca de 10 a 20% dos pacientes com depressão tem o seu diagnóstico modificado para transtorno bipolar ao longo do tempo devido à presença de um episódio maníaco, o não reconhecimento deste pode levar equívocos no tratamento, agravamento da doença e risco aumentado de suicídio. O risco de transtorno bipolar é maior em pacientes com história familiar de transtorno bipolar e inicio da doença antes dos 25 anos e/ou em pacientes com sintomas atípicos de depressão como aumento da necessidade de sono, sonolência diurna, dificuldade de acordar pela manhã e lentificação psicomotora.ETIOLOGIAA depressão é uma doença multifatorial, causada pela soma ou interação de fatores biológicos, psicológicos, sociais e de estilo de vida. A hereditariedade tem uma importância de 30 a 40% no desencadeamento do primeiro episódio depressivo e de 66% nas pessoas que apresentam múltiplos episódios depressivos (Strakowski, 2016).O estresse ambiental parece ter um papel chave no processo de desencadeamento da doença, ainda que nosso corpo seja organizado com o propósito de enfrentar o estresse, sendo até mesmo necessária certa quantidade de “dose de estresse” sobre músculos, ossos e o cérebro para seu crescimento e funcionamento ideal; determinados tipos de estresse, especialmente no início da vida, como perda de um dos pais ou mais cuidados parentais, podem alterar nossos circuitos cerebrais deixando-nos vulneráveis a estressores no futuro.  De acordo com esse modelo, pessoas com uma carga genética muito alta para depressão, desenvolvem doença com uma carga de estresse baixa, enquanto pessoas com uma carga genética baixa, só desenvolvem depressão diante de uma carga de estressa alta.Fatores psicológicos como a afetividade negativa (tendência a interpretar as situações como ameaçadoras, e frustrações menores de maneira catastrófica, associada a características de perfeccionismo e timidez), presença de um transtorno de ansiedade ou de personalidade estão associados a uma predisposição maior a depressão. Fatores sociais como isolamento, problemas financeiros e fatores no estilo de vida, como alimentação não saudável, consumo de álcool e cigarros, sedentarismo, também estão envolvidos no complexo processo de adoecimento.FISIOPATOLOGIA DA DEPRESSÃOA nível molecular parece que a depressão esta correlacionada como uma disfunção no sistema de neurotransmissão noradrenérgico, serotoninérgico e dopaminérgico que alteram a regulação gênica responsável pela síntese do fator neurotrófico derivado do cérebro que mantém a viabilidade dos neurônios cerebrais. EXAMES COMPLEMENTARES PARA O DIAGNÓSTICO DE DEPRESSÃOAtualmente, ainda não é possível diagnosticar a depressão ou o transtorno bipolar através de exames de imagem, nem quando se utiliza técnicas modernas de neuroimagem que avaliam a função cerebral como a Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET) ou a Tomografia por Emissão de Fótons (SPECT). Entretanto, alguns avanços têm sido realizados nessa área, com estudos de mapeamento do processamento de informação em vários circuitos dos transtornos de humor. Stahl, 2013, observa que na depressão pode haver redução da atividade do córtex pré-frontal dorsal, o que causaria os sintomas cognitivos da depressão (alteração da capacidade de concentração, da memória, do aprendizado e dificuldades de tomar decisões). Além disso, observou-se uma alteração na amígdala que, junto com o córtex pré-frontal ventromedial, é responsável pela regulação da expressão emocional de tristeza ou felicidade, parece que essa região do cérebro apresenta uma atividade aumentada quando a tristeza é induzida.TRATAMENTO:Se por um lado o tratamento dos transtornos de humor desenvolveu-se muito a partir de 1958, quando foi comprovado o componente biológico dos transtornos mentais e sintetizado o primeiro antidepressivo, por outro lado, o surgimento de novos antidepressivos acabou negligenciando os outros aspectos do transtorno, como a vulnerabilidade psicológica, os aspectos sociais e o estilo de vida.A formulação personalizada de cada caso é muito importante nas decisões de tratamento. Nesse sentido, é importante a avaliação de transtorno de humor na família, o estilo de vida da pessoa, a presença de hábitos não saudáveis, as relações familiares, sociais e ocupacionais. Deve-se avaliar o funcionamento cognitivo e o estilo cognitivo pré-mórbido, a capacidade de introspecção e identificar possíveis fatores desencadeantes e mantenedores do transtorno. Assim, será possível disponibilizar ao paciente um tratamento abrangente e que faça sentido. REFERÊNCIAS-          American Psychiatric Association: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition. Arlington, VA, American Psychiatric Association, 2013.-          Caldieraro MAK, et al. Depressão. Em: Programa de Atualização em Psiquiatria. Artmed/Panamericana Editora Ltda. PROPSIQ, Porto Alegre, Ciclo 3, Volume 1, 2013.-          Cordioli A. PSICOFÁRMACOS CONSULTA RÁPIDA. 5° Edição – Porto Alegre: Artmed, 2015.-          John F. Michelle B. Melvin G. Treatment Resistant Depression. A Roadmap for Effective Care. American Psychiatric Publishing, Iinc. Washington, DC. 2011.-          Kapezinski F. Quevedo J. Izquierdo I. Bases biológicas dos transtornos psiquiátricos. Terceira edição. Porto Alegre – RS: Artmed; 2.011.-          Leahy RL. VENÇA A DEPRESSÃO, antes que ela vença você. Porto Alegre: Artmed, 2015.-          Pilowsky DJ et al. Children of depressed mothers 1 year after de initiation of maternal treatment: findings from the STAR*D-Child Study. Am J Psychiatratry. 2008 Sep: 165(9): 1163-47.-          Royal Australian and New Zealand College of Psychiatrists clinical practice guidelines for mood disorders, Australian & New Zealand Journal of Psychiatry, 2015, Vol. 49(12) 1087–1206.-          Ruiz P, Sadock BJ, Sadock VA. Kaplan, Sadock's. Synopsis of Psychiatry. 11ª ed. Baltimore: Williams & Wilkins; 2014.-          Stahl S. STAHL’S ESSENTIAL PSYCHOPHARMACOLOGY. 4° Edition. Cambridge University Press, 2013.-          Strakowski S. A Guide to Treating Unipolar and Bipolar Depression. Medscape, November 14, 2016. Disponível em http://www.medscape.com/viewarticle/871539?nlid=110661_425&src=WNL_mdplsfeat_161122_mscpedit_psyc&uac=225750AV&spon=12&impID=1239911&faf=1-          The Facebook Experiment, The Happiness Research Institute, 2015. Disponível em http://www.happinessresearchinstitute.com/about-us/4579836744-          Tolman A. Depressão em adultos. As mais recentes estratégias de avaliação e tratamento. 3ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2009.-          Twenge MJ. Birth Cohort, Social Change, and Personality: The interplay of Dysphoria  and Individualism in the 20th Century. Advances in Personality Science. Ed. Daniel Cervone and Walter Mischel. New York: Guildford, 2002. Leonardo Alovisi Martins, Médico Psiquiatra, CRM 27.614 – RS, Especializado em Terapia Cognitivo-Comportamental.Passo Fundo – RS, dia 10 de dezembro de 2016.
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TRANSTORNO DISMÓRFICO CORPORAL

A Dra. Katharine A. Phillips deu uma interessante palestra no Congresso Americano de Psiquiatria, ocorrido entre 16 e 20 de maio de 2015, em Toronto, no Canadá, sobre o tratamento farmacológico e cognitivo-comportamental do Transtorno Dismórfico Corporal (TDC – Body Dysmorphic Disorder) que está classificado no DSM – 5 na categoria dos Transtornos Obsessivo-Compulsivos e Transtornos relacionados, o TDC foi classificado nessa categoria, pois os paciente que sofrem desta condição apresentam uma preocupação com sua imagem que lembra pensamentos obsessivos e respondem a essa preocupação com comportamentos que lembram compulsões, similarmente o que ocorre no TOC. A característica essencial do Transtorno Dismórfico Corporal (historicamente conhecido como dismorfofobia) é uma preocupação com um defeito na aparência, os pacientes podem passar horas ruminando sobre seu suposto defeito. O defeito é imaginado ou, se uma ligeira anomalia física está presente, a preocupação do indivíduo é acentuadamente excessiva. A preocupação deve causar sofrimento significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. A preocupação não é melhor explicada por outro transtorno mental (por ex., insatisfação com a forma e o tamanho do corpo na Anorexia Nervosa). A mais nova classificação dos transtornos mentais, o DSM-5, incluiu um novo critério diagnóstico, de que em algum momento do curso do transtorno, o indivíduo passa a realizar comportamentos repetitivos (por exemplo, olhar-se excessivamente no espelho, gastar muito tempo arrumando-se, cutucar a pele, procurar por reasseguramento quanto a sua aparência) ou atos mentais (por exemplo, comparar sua aparência com a de outras pessoas). Além disso, o DSM-5 orientou aos clínicos que quando o paciente apresentar uma preocupação com sua estrutura corporal, tipo ser muito pequena ou pouco musculosa, deve-se especificar TDC com dismorfia, essa característica muitas vezes está associada a busca pela forma a qualquer custo, através de treinos excessivos em academia e, até mesmo, com o uso de drogas anabolizantes . Por fim, o clínico deve analisar o grau de insight do paciente sobre o seu problema, o qual geralmente é baixo o que torna um desafio engajar estes pacientes ao tratamento, nesse sentido, é importante a família estar atenta, pois este transtorno, quando não tratado, está associado a grande probabilidade de tentativa de suicídio, além disso, é muito comum que esses pacientes se submetam a cirurgias plásticas desnecessárias ou tratamentos cosméticos, sendo que mais de 70% dos pacientes continuam apresentando os mesmos sintomas após tais tratamentos ou passam a se incomodar com outra parte do corpo, por isso, esses pacientes muitas vezes submetem-se a várias cirurgias plásticas.A Dra. Katharine A. Phillips mostrou estudos que apontam que similar ao que acontece no Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) o uso de antidepressivos serotoninérgicos é mais efetivo do que o uso de antidepressivos não serotoninérgicos, sendo que 65% dos pacientes apresentam melhora total ou parcial dos sintomas do TDC, no entanto, o índice de retorno dos sintomas é alto ao se suspender o medicamento. Outra opção de tratamento é a psicoterapia, sendo a Terapia Cognitivo-Comportamental a forma de terapia indicada, porém, o protocolo para o TDC é bem diferente do que o protocolo usado no tratamento do TOC, por isso, recomenda-se um protocolo de TCC específico para TCD como o desenvolvido por David Veale, Rob Willson e Alex Clarke.Leonardo Alovisi Martins, médico psiquiatra e psicoterapeuta cognitivo-comportamental, CRM 27614-RS.Telefone para contato: (54) 3311-1014 – CIAP.
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ALCOOLISMO

O alcoolismo, compreendido cientificamente como transtorno por uso de álcool ou síndrome de dependência ao álcool, é sem dúvida um grave problema de saúde pública, tanto que dos 2 bilhões de usuários de bebida alcoólica ao redor do mundo, mais de 75 milhões apresentaram o transtorno nos últimos 12 meses. No Brasil, aproximadamente 10 milhões de pessoas sofrem de alcoolismo. E apesar de o consumo de álcool na adolescência poder causar danos irreversíveis à cognição e à aprendizagem, o consumo de álcool tem iniciado cada vez mais cedo, em 50% dos casos, a primeira dose é consumida em casa, com a conivência dos pais, e de acordo com uma pesquisa da feita pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), 80% dos adolescentes brasileiros já beberam alguma vez na vida e 33% dos alunos do Ensino Médio bebem em excesso pelo menos uma vez por mês. “Beber começa como um ato de vontade, caminha para um hábito e finalmente afunda na necessidade” – famosa frase, cunhada pelo psiquiatra americano Benjamin Rush (1945-1813), que retrata os estágios do uso do álcool para algumas pessoas, que diferentemente da maioria, irão desenvolver uma relação problemática com a bebida alcoólica. Ingestão de álcool frequente em grandes quantidades ou por um período maior que o pretendido, desejo persistente ou esforços malsucedidos para reduzir ou controlar o uso de álcool, uso continuado de álcool, apesar de apresentar problemas sociais ou interpessoais recorrentes causados ou exacerbados pelos efeitos do álcool, continuar ingerindo álcool, apesar da consciência de ter um problema físico ou psicológico persistente que é provável ter sido causado ou se exacerbado pelo álcool, sinais de tolerância (necessidade de quantidades maiores de álcool para causar intoxicação ou o efeito desejado ou efeito marcadamente diminuído com o uso contínuo da mesma quantidade de álcool) e manifestação de sintomas de abstinência (tremor nas mãos, sudorese, ansiedade, agitação psicomotora, insônia, náuseas ou vômitos) são algumas das características do transtorno por uso de álcool que é uma patologia de caráter crônico, que afeta toda a família, passível de muitas recaída e responsável por inúmeros prejuízos financeiros, profissionais e para a saúde, como cirrose, pancreatite, cardiomiopatia, demência e câncer. Além disso, o uso de álcool é com frequência associado a situações de violência e acidentes de trânsito. Um desafio no tratamento do alcoolismo é que os pacientes geralmente negam esta condição minimizando o consumo e as consequências relacionadas ao uso de bebidas alcóolicas ou justificando porque bebem, e até pouco tempo, a internação em hospital psiquiátrico e grupos de mútua ajuda eram as únicas alternativas terapêuticas, mas graças ao aprimoramento das psicoterapias, associado ao surgimento de novos fármacos, a redução do caráter moral na compreensão do alcoolismo e o incentivo da participação da família no processo de tratamento, muitos pacientes têm sido tratados com êxito em ambientes ambulatoriais. A psicoterapia tem um papel importante no tratamento do alcoolismo, técnicas de entrevista motivacional utilizam a empatia, a reflexão e a avaliação dos prós e contras do uso da substância para ajudar o paciente a manter-se motivada para a mudança. O terapeuta pode usar também técnicas baseadas no manejo de contingência, na qual é utilizado estratégias de recompensa para premiar o comportamento de mudança. Já as técnicas cognitivas comportamentais são importantes para modificar os pensamentos e crenças distorcidas em relação ao uso da substância e para melhorar as habilidades interpessoais, como saber dizer não e diminuir a ansiedade em ambientes sociais. Os medicamentos podem serem usados naqueles pacientes que apresentam um quadro moderado a grave que apresentarem o uso atual pesado e risco permanente para as consequências do uso (pacientes com problema hepático, por exemplo), que estejam motivados, que prefiram medicamento isoladamente ou em conjunto com intervenção psicossocial e que não tenham contraindicações para o uso de fármacos, outra indicação para uso de medicamentos é a presença de uma comorbidade como o Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Pra finalizar, vou deixar três dicas: 1° Prevenir - Os pais devem conversar com os filhos visando protelar ao máximo o início da ingestão de bebidas alcoólicas. 2° Informar-se – o familiar deve tomar o primeiro passo, caso o paciente esteja negando seu problema, buscando auxílio em grupos de ajuda mútua ou se informando com um profissional de saúde.   3° Agir – Lembrar as pessoas com problemas por uso de álcool de que tratar-se é um ato de coragem e sabedoria, não de vergonha.   Leonardo Alovisi Martins, médico psiquiatra, CRM 27614 – RS. Passo Fundo – RS, dia 11 de fevereiro 2017.   REFERÊNCIAS 1. American Psychiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5° ed. Porto Alegre: Artmed; 2014. 2. Cordioli A, Gallois C, Isolan L. Psicofármacos consulta rápida. 5° ed. Porto Alegre: Artmed; 2015. 3. Diehl A, Cordeiro D, Laranjeira R. Dependência química: prevenção, tratamento e políticas públicas. Porto Alegre: Artmed; 2011. 4. De Mello M, De Mello A, Kohn R. Epidemiologia da saúde mental no Brasil. Porto Alegre: Artmed; 2007. 5. World Health Organization. Policy recomendations for smoking cessation and treatment of tobacco dependence.  Geneva  World Health Organization; 2003.
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TRANSTORNO DA PERSONALIDADE BORDERLINE

Personalidade é definida como um padrão de percepção, relação e pensamento sobre o ambiente e si mesmo1, quando este padrão é mal-adaptativo e relativamente inflexível, associado a uma incapacidade do indivíduo de modificar seu pensamento ou comportamento, mesmo diante de evidências de que sua abordagem não está funcionando e prejudicando seus objetivos e metas de vida, configura-se um transtorno da personalidade. Existem 10 Transtornos específicos da personalidade, que descrevem diferentes padrões de comportamentos, cognição, afetividade e funcionamento interpessoal. O transtorno da personalidade borderline (TPB) é um destes transtornos, ele é caracterizado por um padrão global e generalizado de instabilidade da autoimagem, dos objetivos pessoais, das relações interpessoais e dos afetos, acompanhado por impulsividade, exposição a riscos e/ou hostilidade. As dificuldades características são aparentes na identidade, no autodirecionamento, na empatia e/ou na intimidade, é mais comum em mulheres (75%), e as primeiras manifestações ocorrem na adolescência, mas o diagnóstico só pode ser feito a partir dos 18 anos. CARACTERÍSTICAS: A principal característica do transtorno de personalidade borderline é a desregulação emocional2; estes indivíduos apresentam uma combinação de um sistema de resposta emocional hipersensível e hiper-reativo e uma incapacidade de modular as emoções fortes resultantes e as ações associadas a ela. Eles apresentam ansiedade e medo intenso de serem abandonados nos relacionamentos íntimos que geram ciúme descontrolado (brigas homéricas com os parceiros ocorrem por pura paranoia) ou raiva inadequada diante de uma separação de curto prazo realística ou quando ocorrem mudanças inevitáveis de planos (p. ex., fúria quando alguém importante para eles se atrasa alguns minutos ou precisa cancelar um compromisso). Os esforços desesperados para evitar o abandono podem incluir ações impulsivas como automutilação ou comportamentos suicidas. É comum serem perturbados por um misto de raiva crônica e um vazio indescritível. Podem demonstrar sarcasmo extremo, amargura persistente ou ter explosões verbais. Tais expressões de raiva costumam ser seguidas de vergonha e culpa, contribuindo para o sentimento de ser mau, incapaz e sem solução. Em alguns momentos, as emoções são tão intensas que os indivíduos que sofrem desta condição recorrem a comportamentos impulsivos como ingerir altas doses de medicamento ou se cortar para obter algum alívio. Além disso, eles têm uma dificuldade maior que os outros indivíduos para agir de forma diferente ao que estão sentindo, por isso, abandonam projetos importantes, como empregos e relações, quando desmotivados, e tem dificuldade de se conter quando alegres. A imprevisibilidade afetiva devido à desregulação emocional leva ao comportamento imprevisível e a inconsistência cognitiva, e, consequentemente, interfere no desenvolvimento de um autoconceito ou senso de identidade estável. A tendência em inibir ou tentar inibir respostas emocionais também pode contribuir para a ausência de um sentido forte de identidade. O sentimento de que sua percepção dos fatos não está correta ou de que não conseguirá prever quando está correta, leva a pessoa a desenvolver uma dependência excessiva dos outros. A falta de um senso próprio estável e de capacidade para expressão emocional espontânea, associado à propensão de se sentirem menosprezados ou insultados, gera disfunção marcante nas relações interpessoais, tanto que padrão de relacionamentos instável e intenso é um dos critérios diagnósticos do TPB. Podem idealizar cuidadores ou companheiros potenciais em um primeiro ou segundo encontro, exigir ficar muito tempo juntos e partilhar os detalhes pessoais mais íntimos logo no início de um relacionamento. Entretanto, podem mudar rapidamente da idealização à desvalorização, sentindo que a outra pessoa não se importa o suficiente, não dá o suficiente e não está “presente” o suficiente. Por fim, sintomas cognitivos, como passar a pensar que estão conspirando contra si ou querendo lhe prejudicar, devido à ativação de suposições paranoides (crença de que os outros não merecem confiança e são maldosos), e sintomas dissociativos e conversivos, como incapacidade de recordar de eventos, sensação de ser estranho a si mesmo, parecer uma criança e pseudoconvulsões, são comuns durante períodos de estresse. HIPÓTESE CONCEITUAL DO TRANSTORNO DA PERSONALIDADE BORDERLINE O TPB é principalmente um transtorno do sistema de regulação emocional3.  A tese da Dra, Marsha Lienhan é de que os indivíduos borderline são emocionalmente vulneráveis, além de deficientes em habilidades de modulação emocional, e que essas dificuldades têm suas raízes em predisposições biológicas, que são exacerbadas por um ambiente invalidante que tende a negar, punir ou responder erroneamente a reações emocionais válidas da criança, e inadvertidamente tendem a reforçar o descontrole emocional e o comportamento impulsivo, ao dar o que a pessoa quer somente quando ela aumenta a expressão emocional, contribuindo para os problemas que os pacientes borderline têm para regular, compreender e tolerar suas reações emocionais. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL O principal diagnóstico diferencial é com o transtorno bipolar tipo II, é muito mais comum que pacientes que sofrem de TPB sejam diagnosticados como bipolares do que o contrário.  TRATAMENTO O tratamento desses pacientes tem sido um desafio para a psiquiatria; Freud, em 1918, justificou uma modificação da sua técnica psicanalítica no tratamento do “homem dos lobos” (paciente que fora classificado como borderline por BLUM (1980) e ABRAHANSON (1980) dada à estreita fronteira com a psicose que ele se movimentara durante o tratamento com Freud) quando estabeleceu um limite arbitrário para o término da análise para enfrentar as resistências desse paciente. Alfred Stern em 1938 publicou um artigo, agora clássico, que revela a dificuldade em tratar esses pacientes; o artigo iniciava com a seguinte descrição: “Já é bem conhecido que um grande número de pacientes não se enquadra nem dentro do grupo dos psicóticos, nem dos neuróticos, e com este grupo de pacientes borderline é extremamente difícil de lidar por qualquer método terapêutico conhecido”.   De fato, pacientes que sofrem de TPB tendem a apresentar péssima resposta ao tratamento, tendo já passado por vários terapeutas e psiquiátricas, em parte por causa das características do transtorno, mas também pelas limitações da maioria dos tratamentos disponíveis, de um modo geral, parecia que ninguém sabia muito bem o que fazer a respeito, até a Dra. Marsha Linehan desenvolver a Terapia Comportamental Dialética (BDT) que utiliza estratégias cognitivo-comportamentais para atingir a mudança, balanceada com estratégias de validação e aceitação, e intenso treinamento de habilidades. Ainda que a psicoterapia comportamental-dialética seja a principal forma de tratamento desse transtorno, é muito interessante o acompanhamento de um psiquiatra, pois os medicamentos podem ser úteis, especialmente, para reduzir a agressividade, impulsividade e os sintomas paranoides.   Leonardo Alovisi Martins, médico psiquiatra, CRM 27614. Leonardo possui graduação em Medicina pela Universidade de Passo Fundo (2002), pós-graduação em psiquiatria pelo Instituto Abuchaim de Porto Alegre (2007), título de especialista em psiquiatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria (2007), formação em Terapias Cognitivo-Comportamentais pelo Instituto da Família de Porto Alegre (2009) e aperfeiçoamento em Terapia Comportamental Dialética pelo The Linehan Institute/Behavioral Tech (2016) e faz parte do Núcleo DBTPF junto com as psicólogas Ana Carolina Fortes, Marindia Brandtner e Natália Zancan com o objetivo de oferecer o melhor tratamento disponível para este grupo de pacientes.   REFERÊNCIAS 1. American Psychiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5° ed. Porto Alegre: Artmed; 2014. 2.Linehan M. Terapia Cognitivo-Comportamental para Transtorno da Personalidade Borderline. Porto Alegre: Artmed; 2010. 3. Beck A, Freeman A, Davis D. Terapia Cognitiva dos Transtornos da Personalidade. . 2° ed. Porto Alegre: Artmed; 2005.   Passo Fundo – RS, dia 26 de fevereiro de 2017.
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ATENÇÃO

SOBRE OS TRATAMENTOS

TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

1.      O que é terapia cognitiva-comportamental (TCC)?             A TCC surgiu no final da década de 1960, quando Beck dedicou-se a uma série de experimentos para validar a terapia psicanalítica no tratamento da depressão, no entanto, os resultados dos experimentos apontaram que esta terapia não era eficaz para pacientes com depressão, isso levou Beck a buscar outras explicações para a depressão. Ele identificou cognições negativas e distorcidas (principalmente pensamentos e crenças) como característica primária da depressão, então ele desenvolveu um tratamento de curta duração, no qual um dos objetivos principais era o teste da realidade do pensamento depressivo do paciente, a qual denominou originalmente “Terapia Cognitiva”.            Atualmente, Terapia cognitiva é uma das poucas formas de psicoterapia que foi cientificamente testada e vista como efetiva. Ela tem sido amplamente testada desde que foram publicados os primeiros estudos científicos, em 1977. Até o momento, mais de 500 estudos científicos demonstraram a eficácia da Terapia Cognitivo-Comportamental para uma ampla gama de transtornos psiquiátricos, problemas psicológicos e problemas médicos com componentes psicológicos, uma lista completa pode ser encontrada em www.beckinstitute.org.  Centenas de estudos científicos também validaram o modelo cognitivo da depressão e da ansiedade. 2.      Que teoria está por trás da Terapia Cognitiva-Comportamental?            A TCC está baseada no modelo cognitivo: O modo como às pessoas percebem e interpretam suas experiências determina as emoções e os comportamentos frente a elas. Por exemplo, uma pessoa que leia este texto poderia pensar: “Uaul, isto parece bom, é justamente o que eu sempre procurei!”, e sentir-se-ia feliz e motivada. Outra pessoa lendo o mesmo texto poderia pensar: “Bem, isto parece bom, mas não sinto que possa fazê-lo!”, provavelmente, sentir-se-ia triste e desencorajada. Então, não é a situação que diretamente afeta como uma pessoa sente-se emocionalmente ou se comporta, mas sim, os pensamentos desencadeados por ela. Quando as pessoas estão em estresse, elas freqüentemente não pensam claramente e seus pensamentos ficam distorcidos de certa maneira. A Terapia Cognitivo-Comportamental ensina habilidades para as pessoas identificarem seus pensamentos distorcidos e avaliarem quão realísticos eles são e, por fim, encontrar modos alternativos de pensar. Quando elas pensam mais realisticamente, elas se sentem melhor e tomam decisões mais apropriadas. Ainda, a TCC se apóia também no modelo comportamental de aprendizados como: o condicionamento clássico em que a pessoa experimenta emoções desagradáveis em determinadas situações por ter condicionado tais emoções a elas, as quais se mantêm devido ao comportamento de evitação; o condicionamento operante em que os comportamentos aprendidos aumentam a probabilidade de ocorrer de acordo com os reforçadores do ambiente e o aprendizado por observação.          A TCC utiliza ainda de técnicas específicas para redução da ansiedade, resolução de problemas e maior eficácia nos relacionamentos interpessoais. 3.       Como estar pronto para fazer a TCC?            Primeiro passo importante é estabelecer metas. Pense quais sintomas vem incomodando você e quais você gostaria de aliviar ou eliminar? Pergunte-se: “Como eu gostaria de estar diferente ao término da terapia?”. Pense especificamente sobre mudanças que você gostaria de fazer no trabalho, faculdade, em casa, no seu relacionamento com a família, amigos, colegas de trabalho, e outros. Pense sobre outras áreas que gostaria de melhorar em sua vida: possuir interesses espirituais/intelectuais/culturais, fazer exercícios, diminuir maus hábitos, aprender novas habilidades interpessoais, melhorar manejo de habilidades no trabalho e em casa. Pense na sua vida hoje e como você desejaria que ela fosse? Quais fatos estão impedindo de sua vida ser como você gostaria que fosse? Quais você gostaria de modificar com a terapia?             O terapeuta lhe ajudará a avaliar e refinar estas metas, juntos, vocês podem determinar quais metas você poderia trabalhar sozinho e quais você poderia querer trabalhar em terapia. 4.      Quanto tempo dura a terapia?           A não ser por restrições práticas, a decisão a respeito de duração do tratamento é feita cooperativamente entre terapeuta e paciente. Freqüentemente, o terapeuta terá uma idéia grosseira após uma sessão ou duas de quanto tempo levará para você alcançar as metas que você estabeleceu na primeira sessão. Alguns pacientes permanecem em terapia por um período breve de tempo, de 12 a 14 sessões. Outros pacientes que tem problemas de mais longa data podem escolher ficar em terapia por muitos meses. Inicialmente, os pacientes são vistos uma vez por semana, a não ser que estejam em crise. Tão logo estejam melhores, e pareçam aptos a reduzir a terapia, paciente e terapeuta poderiam concordar em tentar a terapia a cada 02 semanas, e depois a cada 03 semanas.  5.      E quanto à medicação?           Quadros leve a moderado de ansiedade e depressão não requerem o uso de medicação, quadros mais intensos respondem melhor à combinação de medicamento mais psicoterapia.  REFERÊNCIAS:- Beck A, Rush A, Show B, Emery G. COGNITIVE THERAPY OF DEPRESSION. Guildford Press, New York, 1979.- Beck J. TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL. Teoria e Prática. 2° Edição – Porto Alegre ; Artmed, 2013. Leonardo Alovisi Martins, Médico Psiquiatra, CRM 27614, com Especialização em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental. Passo Fundo – RS, dia 21 de novembro de 2016
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USO DE SUPLEMENTOS NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO

Tem crescido a demanda por tratamentos não medicamentosos através do uso de suplementos alimentares entre as pessoas que sofrem de depressão. Enquanto algumas pessoas recorrem ao uso de suplementos porque tem preconceito de tomar medicamentos antidepressivos, outras buscam nos suplementos alimentares um complemento ao tratamento médico usual para aumentar o senso de saúde e bem estar. Uma revisão, realizada em 2015, por médicos da Nova Zelândia e da Austrália sobre esse tema, apontou que alguns suplementos como pílulas de Ômega-3 ricas em EPA podem ser efetivas no tratamento da depressão, em especial, quando utilizadas junto com um antidepressivo. Apesar de ainda não haver estudos suficientes, suplementos de Zinco, ou de Folato, ou de S-Adenosil-Metionina teoricamente podem potencializar o efeito dos antidepressivos. Por outro lado, não há evidências de que complementos multivitamínicos tenham algum benefício no tratamento da depressão. O mesmo grupo de médico, após avaliar vários estudos, pontuou a importância da dieta, do exercício físico e de hábitos saudáveis. Eles verificaram que uma dieta saudável diminui os riscos de ter depressão, por exemplo, a dieta Mediterrânea reduz em 30% o risco da doença (Psaltopoulou et al., 2013), enquanto uma dieta não saudável está diretamente relacionada a diminuição da saúde mental entre crianças e adolescentes. Exercícios físicos também são um fator protetivo contra a depressão, além disso, 11 estudos clínicos controlados concluíram que a prática de atividade física é uma intervenção altamente efetiva no tratamento da depressão, no entanto, é pouco prática, já que é um desafio enorme conseguir que pacientes em depressão severa comecem a fazer atividade física. Por fim, o grupo que realizou as diretrizes australianas e nova zelandesas para o tratamento dos transtornos de humor apontou que parar de fumar está associado com a redução da depressão, da ansiedade, do estresse, com a melhora do humor positivo e da qualidade de vida.   REFERÊNCIAS Royal Australian and New Zealand College of Psychiatrists clinical practice guidelines for mood disorders, Australian & New Zealand Journal of Psychiatry, 2015, Vol. 49(12) 1087–1206.     Leonardo Alovisi Martins, CRM – RS 27.614, Médico Psiquiatra Passo Fundo – RS, dia 18-11-2016.
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MEDICAMENTOS TARJAS PRETAS FAZEM BEM PARA O SONO?

  É muito comum pessoas usando medicamentos benzodiazepínicos como o Rivotril (Clonazepam), conhecidos popularmente por medicamentos de tarja preta, para conseguir dormir. Apesar do alto número de prescrição desses medicamentos e do entendimento comum de que eles ajudam a dormir, apenas cinco deles (Flurazepam; Quazepam que não tem no Brasil; Estazolam; Temazepam e Triazolam, sendo que este último foi retirado do mercado em alguns países por causar ataques de mau humor e alteração do comportamento) são aprovados para tal fim pelo Federal Drug Administration (FDA).      A insônia, em muitos pacientes, é uma condição crônica o que diminui a eficácia desses medicamentos, pois o organismo desenvolve tolerância aos ansiolíticos/ hipnóticos benzodiazepínicos com o uso em longo prazo, ou seja, eles simplesmente perdem a propriedade de induzir e manter o sono. Além disso, podem ocorrer sintomas de rebote que aparecem quando o medicamento é interrompido entre eles a volta da insônia ou seu agravamento. Outro problema é que o tempo de ação destes medicamentos não reproduzem o tempo natural do sono, alguns ficam tempo de mais no sangue gerando sedação diurna e problemas de memória, além de acumulação do medicamento, especialmente nos idosos aumentando o risco de queda e fraturas. Outros possuem uma meia vida curta o que acaba resultando em despertares precoces, inquietude e angústia por privação da substância.     Mais recentemente, descobriu-se medicamentos hipnóticos não benzodiazepínicos que não causam tolerância, nem sintomas de abstinência, abrindo a possibilidade para o tratamento de longo prazo da insônia são as chamadas Z drugs porque todas elas começam com a letra Z: Zaleplon (não está mais disponível no Brasil); Zolpidem e Zopiclona.    Nos últimos anos, a indústria farmacêutica tem trabalhado no desenvolvimento de medicamentos que atuam sobre os receptores do neurotransmissor melatonina. A melatonina endógena é secretada por uma pequena glândula endócrina, a glândula pineal, localizada perto do centro do cérebro que exerce a função regulatória sobre o ciclo sono-vigília. Já está disponível nos EUA o Ramelteon que é um agonista com alta seletividade para os receptores de melatonina MT1 e MT2 localizados no núcleo supraquiasmático, ou seja, simula a melatonina endógena parecendo ser um medicamento muito valioso para os pacientes que sofrem de insônia relacionada com disfunção no ciclo sono-vigília.      Vale lembrar que a insônia pode ser um sintoma de um transtorno mental ou de uma doença orgânica, bem como um transtorno mental em si, além disso, existem diferentes tipos de insônia, por isso, é muito importante à avaliação por um profissional especializado para o tratamento adequado.     Referências:• Sukys-Claudino L et al. Novos sedativos hipnóticos. Rev. Bras. Psiquiatr. vol.32 no.3 São Paulo Sept. 2010• Sthal, S. M. Sthal’s Essential Psychopharmacology: Neuroscientific Basis and Practical Applications. Fourth Edition – New York: Cambridge University Press, 2013. Leonardo Alovisi Martins, Médico Psiquiatra, CRM 27614 – RS.
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NOVO DISPOSITIVO PARA TRATAR A INSÔNIA

A insônia é um dos transtornos mentais mais prevalentes, causador de grande sofrimento psíquico e de difícil tratamento, conforme já abordei outras vezes nesta página; a boa notícia é que o US Food and Drug Administration (FDA), órgão americano que tem função similar a da ANVISA no Brasil, liberou para uso comercial um dispositivo chamado Sleep System Cerêve para uso em pacientes com insônia, após os resultados obtidos em três estudos clínicos que incluíram mais de 230 pacientes com mais de 3800 noites de pesquisa que demonstraram a segurança e eficácia do dispositivo.O aparelho, que será lançado no segundo semestre de 2017, consiste numa almofada de testa que recebe infusão de líquidos frios, controlada por software, e é usada durante a noite.A inspiração por trás do novo dispositivo veio de estudos de imagem cerebral funcional realizados por Eric Nofzinger, MD, médico do sono, da Universidade de Pittsburgh, na Pensilvânia. Estes estudos confirmaram que, em pacientes com insônia, o córtex frontal permanece ativo, impedindo-os de obter sono mais profundo e restaurador. Esses pacientes geralmente descrevem que suas mentes não param, o que interfere com a obtenção de um sono profundo. Então, o Dr. Nofzinger descobriu que o arrefecimento da testa dentro de um intervalo terapêutico precisa, reduz a atividade do córtex frontal, facilitando a transição do sono superficial para um sono profundo.Agora é aguardar essa nova tecnologia que promete um sono reparador, sem efeitos adversos.AUTOR: Leonardo Alovisi Martins, Médico Psiquiatra com formação em Terapia Cognitivo-Comportamental, CRM-RS 27614.E-MAIL: leonardoalovisi@yahoo.com.brCONSULTÓRIO:• Passo Fundo: Rua Lava Pés 1192/ casa (junto ao CIAP). Telefones (54) 3311-1014/ 9944-5385.• Erechim: Centro Hospitalar Santa Mônica, Rua Itália, 878. Telefones (54) 3522-0500/ 2107-0500
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FIQUE SABENDO

OS ANTIDEPRESSIVOS ESTÃO SEMPRE INDICADOS NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO?

Os primeiros antidepressivos foram sintetizados no final da década de 50 e no início da década de 60. Num primeiro momento, eles eram prescritos apenas por médicos psiquiatras, pois a prescrição desses fármacos envolvia cuidados com a dose, manejo de efeitos adversos e risco de suicídio, quando ingeridos em excesso. Em 1986, com o lançamento do Prozac, um antidepressivo com mecanismo de ação diferente dos anteriormente utilizados, muito mais seguro, com poucas contraindicações e poucos efeitos adversos, houve uma explosão na prescrição dos antidepressivos, inclusive por médicos de outras especialidades. Diante desse contexto, cabe uma reflexão: são os antidepressivos eficazes e seguros para todos os tipos de depressão? Na realidade não, tanto que o uso de antidepressivo em monoterapia é contraindicado no tratamento da depressão bipolar pelas diretrizes Americana, Canadense e Australiana1,2,3, porque eles podem desencadear um quadro de mania caracterizado por euforia, irritabilidade, alteração do pensamento, grandiosidade, distratibilidade e envolvimento em atividades de risco. Mesmo assim, conforme estudo apresentado pelo Dr. Michael Ostacher, professor da Universidade de Stanford, no congresso americano de psiquiatria em 2015, 70% dos pacientes em depressão bipolar, no ano de 2008, foram tratados em monoterapia com antidepressivos. Os antidepressivos não deveriam ser usados também em pacientes deprimidos que apresentem ao menos 3 sintomas do quadro de mania, chamado de episódio depressivo maior com características mistas – depressão mista.4 Conforme declaração do Dr. Stephen M. Stahl, professor da Universidade de São Diego, Califórnia, e Presidente do Neuroscience Education Institute in Carlsbad, Califórnia, os antidepressivos não funcionam ou até mesmo fazem os pacientes piorarem nos quadros de depressão mista (Medscape Medical News, maio de 2017).5Portanto, os antidepressivos ainda são uma das formas mais efetivas de tratamento para a depressão e outros transtornos mentais como os transtornos de ansiedade. No entanto, é importante que se faça uma avaliação médica, com o psiquiatra, cuidadosa dos sintomas atuais, da história pregressa, e da presença de transtorno bipolar na família para evitar a prescrição desses medicamentos para situações em que eles não são efetivos, podendo até mesmo agravar o quadro.  Referências:1. Hirschfeld RM, Bowden CL, Gitlin MJ, et al. for the work group on bipolar disorder; American Psychiatric Association. Practice guideline for the treatment of patients with bipolar disorder. Second edition April 2002. http://dbsanca.org/docs/APA_Bipolar_Guidelines.1783155.pdf.2. Yatham LN, Kennedy SH, Parikh SV, et al. (2013b) Canadian Network for Mood and Anxiety Treatments (CANMAT) and International Society for Bipolar Disorders (ISBD) collaborative update of CANMAT guidelines for the management of patients with bipolar disorder: Update 2013. Bipolar Disorders 15: 1–44.3. Royal Australian and New Zealand College of Psychiatrists clinical practice guidelines for mood disorders. Australian & New Zealand Journal of Psychiatry 2015, Vol. 49(12) 1087–1206 DOI: 10.1177/0004867415617657.4. Guidelines for the recognition and management of mixed depression (2017), disponível para download em: https://www.cambridge.org/core/journals/cns-spectrums/article/guidelines-for-the-recognition-and-management-of-mixed-depression/0DFE7AD7358126E7859C0950CB0C3323?j=5945630&sfmc_sub=1101175402&l=673045_HTML&u=154681655&mid=1423905&jb=0&utm_source=SFMC&utm_medium=email&utm_content=Guidelines+for+the+recognition+and+management+of+mixed+depression&utm_campaign=JWM+CNS+22.2+press+release&WT.mc_id=JWM+CNS+22.2+press+release5. Megan B. First-Ever Guideline for Mixed Depression Released - Medscape - May 16, 2017. Disponível em: http://www.medscape.com/viewarticle/880056?src=wnl_edit_tpal&uac=225750AV  Leonardo Alovisi Martins, Médico Psiquiatra, CRM 27.614 – RS. Passo Fundo – RS, dia 22 de julho de 2017.
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SEMPRE EM BUSCA DA PERFEIÇÃO

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MEDO DE MORRER

Por volta dos 10 anos de idade passamos estar ciente da morte da mesma forma que um adulto, ter medo de morrer é comum entre as pessoas, 9,8% das pessoas têm preocupações frequentes com a possibilidade de morrer, 3,8% das pessoas são simplesmente assoladas pelo medo de morrer, pacientes que sofrem de Hipocondria (Transtorno de ansiedade de doença) ou Fobia de doença são mais propensos a ter medo intenso de morrer. Interessante que pessoas de mais idade não apresentam mais medo de morrer do que pessoas mais jovens, ainda que estejam mais próximas da morte. Surpreende também que pessoas com maior religiosidade são tão preocupadas com a morte quanto pessoas agnósticas ou ateias. Por outro lado, períodos de estresse ou ameaça, como problemas de saúde e perda de alguém querido pode aumentar drasticamente a preocupação normal de morrer. Uma das formas de lidar com o medo patológico da morte é observar é fazer um balanço das coisas. Em toda a amizade, por exemplo, algum dia você terá que dizer adeus, seja porque o amigo mudou-se para longe ou porque ele morreu. Um dia a relação vai terminar. Algumas pessoas tentam lidar com a ansiedade e a tristeza da perda decidindo nunca fazer uma amizade. Afinal, se você nunca tiver um amigo, você nunca perderá um amigo. Essa estratégia protege a pessoa da dor de uma perda, mas a um enorme custo. A pessoa deixa de ter vários momentos de satisfação e alegria decorrentes de uma boa amizade para prevenir alguns dias de tristeza. Obviamente, a maioria das pessoas vai optar pelo lado positivo da experiência. O mesmo acontece em relação à vida, a maioria das pessoas vai ter mais dias de alegria e satisfação, do que dias de tristeza. Todo ser vivo eventualmente vai morrer. A cadeira que estamos sentados nunca vai morrer, mas também não vai viver. A morte é parte normal do ciclo da vida. Não pode haver vida sem a morte. Talvez, seja isso que torne a vida tão preciosa, ela é única, por isso, é importante apreciamo-la, enquanto a temos.   Leonardo Alovisi Martins, médico psiquiatra, CRM – RS 27614, especializado em psicoterapia cognitivo-comportamental. Passo Fundo – RS, 07-02-2017.
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MITO DA AUTOESTIMA

Muitos psicólogos e psiquiatras pregam a importância da autoestima, mas em análise mais profunda o significado de autoestima muitas vezes equivale a pouco mais do que basear nosso senso de autoestima no sucesso de nossas conquistas ou relacionamentos. Albert Ellis, autor de mais de setenta e cinco livros e presidente emérito do Instituto Albert Ellis para a Terapia Racional Emotiva Comportamental, critica esta definição tradicional de autoestima, chamando-a de "Autoaceitação condicional” - isto é, nos sentimos bem sobre nós, somente quando cumprimos determinadas ambições e desejos pessoais. Para Ellis a autoestima saudável, a qual ele chama "Autoaceitação incondicional", é aquela em que aprendemos a apreciar nossa personalidade única, não importando o quanto de sucesso atingimos ou quão bem sucedidos são nossos relacionamentos. Esta abordagem mais realista, salienta Ellis, ajuda-nos a evitar a armadilha comum de ao não corresponder às nossas expectativas (muitas vezes irrealistas), experimentarmos sentimentos de autodepreciação, baixa autoestima e depressão. Corroborando com a teoria de Ellis, pesquisas recentes têm mostrado que a autovalorização pode não ser tão eficaz quanto se imaginou durante muito tempo. A ótima revista Mente & Cérebro, abordou esse tema, pontuando as armadilhas da autoestima, ao vigiar as próprias vontades, buscando atende-las a maior parte do tempo e evitar as frustrações constantemente, fortalece-se a intolerância em relação aos erros – tanto os próprios quanto o dos outros. Já a predisposição para prestar a atenção às necessidades alheias e procurar se manter disponível para ajudar no que for necessário tende a fortalecer a autoestima, não no sentido de evitar rejeição, mas com o objetivo desenvolver um sentimento de intimidade e pertencimento. Experimentos recentes mostram que a atitude de compaixão está conectada à postura mais compreensiva consigo mesmo e consequentemente aumento de autoestima. A autoestima baseada na conquista tende a ser efêmera.  Parece que na contramão do que costuma pregar a cultura vigente, popularizada pela mídia e pela publicidade, o caminho mais eficaz para desenvolver e preservar a autovalorização é, ironicamente, pensar menos sobre si mesmo, desenvolver compaixão pelos outros e por si próprio, e ter uma perspectiva menos egocêntrica.Leonardo Alovisi Martins, Médico Psiquiatra, CRM 27614 – RS. Passo Fundo – RS, dia 19-12-2016.
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PSIQUIATRA QUEM É?

O psiquiatra é o médico especializado em psiquiatria, ramo da medicina que lida com a prevenção, o diagnóstico e o tratamento de transtornos mentais e emocionais. Apesar de que, com o desenvolvimento da neurologia comportamental, haja cada vez mais sobreposição entre as especialidades médicas de psiquiatria e neurologia, pode-se dizer que a psiquiatria se ocupa de transtornos nas emoções, no pensamento, na percepção e no comportamento, enquanto a neurologia lida com partes identificáveis do sistema nervoso.Um psiquiatra é um médico que teve treinamento avançado no diagnóstico e tratamento dos transtornos mentais. Esse treinamento avançado costuma incluir o estudo de psicoterapia, e, visto que os métodos de psicoterapia são, com frequência, fundamentados em uma teoria ou em um sistema particular de psicologia, pode-se dizer que a psiquiatria engloba áreas da psicologia.Os transtornos mentais tem ganhado relevância nos últimos anos devido ao aumento da prevalência e o grau de sofrimento e incapacidade associado a eles. Em 2004, segundo dados da OMS, a depressão figurava como a terceira doença mais onerosa para a sociedade e a quarta mais diagnosticada no mundo. A previsão para 2030 é de que a depressão seja a primeira causa específica de incapacidade. No brasil,   12 milhões de brasileiros apresentarão depressão neste ano, e 25 milhões de brasileiros já apresentaram depressão ao longo da vida. Ainda assim, a doença é subdiagnosticada ou tratada de forma equivocada. Mesmo perante a essa triste realidade, é importante sabermos que o tratamento psiquiátrico desenvolveu-se muito após 1958, quando foi sintetizado o primeiro antidepressivo, e também quando foi comprovado um componente biológico na etiologia dos transtornos mentais. Os tratamentos psiquiátricos desenvolveram-se muito a partir de 1958, quando foi comprovado o componente biológico dos transtornos mentais e sintetizado o primeiro antidepressivo. A psiquiatria moderna faz parte do modelo médico baseado em evidências em que as decisões terapêuticas são baseadas em estudos modernos que revelam o impacto de diferentes tratamentos, sejam eles psicoterápicos ou medicamentosos. Os tratamentos têm sido cada vez mais eficazes, a ponto de a mortalidade por suicídio no transtorno bipolar, por exemplo, que é de 29,2% nos pacientes sem tratamento, reduz para 6,4% entre os pacientes que fazem acompanhamento psiquiátrico regular. Observando também que cada vez mais os tratamentos envolvem um menor número de efeitos adversos, permitindo aos pacientes terem uma qualidade de vida similar a das pessoas que não sofrem de doenças psiquiátricas.Necessitar de um médico psiquiatra de forma alguma qualifica a paciente como “descontrolado”, “de pouca confiança”, “louco” e outros adjetivos que se escuta muito, e sim estamos diante de alguém que naquele momento esta apresentando uma doença como qualquer outra, e precisa sim de ajuda médica especializada. Dessa forma, nós psiquiatras nos fazemos presentes para que possas entender mais sobre si mesmo, minimizando suas dificuldades e melhorando sua qualidade de vida. Não tenha vergonha, procure seu psiquiatra. REFERÊNCIAS:- Campbell R. Dicionário de Psiquiatria. 8° Edição – Porto Alegre : Artmed, 2009.- Caldieraro MAK, et al. Depressão. Em: Programa de Atualização em Psiquiatria. Artmed/Panamericana Editora Ltda. PROPSIQ, Porto Alegre, Ciclo 3, Volume 1, 2013.Dr. Leonardo Alovisi Martins, Médico Psiquiatra - Cremers 27614 - com formação em Terapia Cognitivo-Comportamental.   Passo Fundo – RS, dia 23-11-2016.  
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STRESS

Há uma crença geral de que o stress nos faz mal, as pessoas o culpam por muita coisa desde uma simples dor de cabeça até uma doença no coração, vivemos reclamando do stress no trabalho, no trânsito, na vida familiar, etc... Ela faz parte do nosso cotidiano e tem 433 milhões de citações no google referente ao tema.      As definições de estresse em geral se dividem em dois grupos: aquelas enfatizando a natureza nociva ou aversiva do estímulo originado no ambiente (p. ex., eventos de vida negativos) e aquelas enfatizando as respostas fisiológicas do individuo ao estímulo.    O termo estresse surgiu para designar as forças envolvidas em uma situação de ameaça à homeostase (qualquer mudança física ou psicológica que rompe o equilíbrio do organismo). O organismo reage ativando um complexo repertório de respostas físicas e comportamentais que buscam o restabelecimento da homeostase (equilíbrio).   A resposta ao stress agudo é o equivalente biológico de mobilizar tropas para lidar com o que foi percebido como ameaça. É ativado o Sistema Nervoso Autônomo Simpático e o eixo Hipotalâmico-Hipofisário-Adrenal (HHA), que liberam adrenalina e cortisol no sangue. A adrenalina aumenta a frequência dos batimentos cardíacos e o volume de sangue por batimento cardíaco. Isso é vital para a preparação da reação de luta-ou-fuga, já que ajuda tornar mais veloz o fluxo de sangue e assim melhora a distribuição de oxigênio nos tecidos, além disso, o sangue é redirecionado de algumas partes do corpo onde ele não é essencial naquele momento (através do estreitamento dos vasos sanguíneos) para outras partes onde ele é mais essencial (através da expansão dos vasos sanguíneos), ainda, há uma broncodilatação permitindo a chegada de mais oxigênio aos pulmões. Isto tem uma importância óbvia para a defesa do organismo, já que os tecidos precisam de mais oxigênio para estar preparados para a ação. Existem ainda outros alterações fisiológicas como dilatação da pupila, tensão muscular, redução da produção de saliva, etc. O cortisol, por sua vez, tem a função de mobilizar a energia aumentando a glicose cerebral e reduzindo as funções não essências como digestão e ereção (ao menos, não no momento de perigo).Uma vez superada a ameaça, o sistema nervoso simpático e o eixo HHA são desativados e a pessoa relaxa.     Algumas pessoas, porém, continuam reagindo ao stress, o chamado stress crônico, que pode ser definido como uma experiência adversa que induz vigilância elevada, sobre a qual se tem pouco controle. Um dos seus efeitos é que o cérebro não consegue suavizar o eixo HHA, o que expõe o cérebro e o corpo a glicocorticoides (entre eles o cortisol) em excesso, há quatro situações possíveis em que o indivíduo pode ser exposto de forma excessiva às respostas do estresse: a primeira, e mais óbvia, é o contato frequente com fatores estressantes (cargo de trabalho excessivo, pressão exagerado por resultados, conflitos familiares, modo perfeccionista de ser, etc..). A segunda é a falta de adaptação a um estímulo repetido, enquanto a maioria das pessoas tem uma reação de alarme quando realiza tarefas estressantes (p. ex., falar em público), mas, após fazê-las várias vezes, tem a ansiedade diminuída gradualmente; em 10% das pessoas esse tipo de tarefa continua sendo estressante, e seu cortisol sérico aumenta cada vez que a tarefa é realizada. A terceira forma de resposta inadequada é a incapacidade de encerrar as respostas ao estresse depois que o estímulo é retirado, permanecendo uma ativação do sistema nervoso simpático e do eixo HHA. Por fim, a resposta pode ser insuficiente ou inadequada, causando a ativação de sistemas compensatórios que também podem ser prejudiciais. Por exemplo, se a secreção de cortisol não aumenta em resposta ao estresse, a secreção de citocinas inflamatórias perde um importante regulador, podendo estar anormalmente aumentada podendo aumentar o risco doenças autoimunes, inflamatórias e cardiovasculares.     Na resposta ao estresse crônico, o cortisol permanece elevado podendo causar a formação de placa aterosclerótica, diabete, úlceras e prejuízo do funcionamento imunológico. No cérebro, o efeito negativo mais importante envolve o hipocampo, uma estrutura com receptores de glicocorticoides abundantes e fibras aferentes ao hipotálamo, o hipocampo é conhecido por sua função na memória, e comprovou-se que o excesso de glicocorticoides produz prejuízo de desempenho da memória.     Continuarei... REFERÊNCIAS:Higgins, Edmund S. Neurociências para psiquiatria clínica: a fisiopatologia do comportamento e da doença mental. 1° Edição – Porto Alegre : Artmed 2010.Kapezinski F. Quevedo J. Izquierdo I. Bases biológicas dos transtornos psiquiátricos. Terceira edição. Porto Alegre – RS: Artmed; 2.011. Autor: Leonardo Alovisi Martins, médico psiquiatra, Cremers 27614.
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