É muito comum pessoas usando medicamentos benzodiazepínicos como o Rivotril (Clonazepam), conhecidos popularmente por medicamentos de tarja preta, para conseguir dormir. Apesar do alto número de prescrição desses medicamentos e do entendimento comum de que eles ajudam a dormir, apenas cinco deles (Flurazepam; Quazepam que não tem no Brasil; Estazolam; Temazepam e Triazolam, sendo que este último foi retirado do mercado em alguns países por causar ataques de mau humor e alteração do comportamento) são aprovados para tal fim pelo Federal Drug Administration (FDA).
A insônia, em muitos pacientes, é uma condição crônica o que diminui a eficácia desses medicamentos, pois o organismo desenvolve tolerância aos ansiolíticos/ hipnóticos benzodiazepínicos com o uso em longo prazo, ou seja, eles simplesmente perdem a propriedade de induzir e manter o sono. Além disso, podem ocorrer sintomas de rebote que aparecem quando o medicamento é interrompido entre eles a volta da insônia ou seu agravamento. Outro problema é que o tempo de ação destes medicamentos não reproduzem o tempo natural do sono, alguns ficam tempo de mais no sangue gerando sedação diurna e problemas de memória, além de acumulação do medicamento, especialmente nos idosos aumentando o risco de queda e fraturas. Outros possuem uma meia vida curta o que acaba resultando em despertares precoces, inquietude e angústia por privação da substância.
Mais recentemente, descobriu-se medicamentos hipnóticos não benzodiazepínicos que não causam tolerância, nem sintomas de abstinência, abrindo a possibilidade para o tratamento de longo prazo da insônia são as chamadas Z drugs porque todas elas começam com a letra Z: Zaleplon (não está mais disponível no Brasil); Zolpidem e Zopiclona.
Nos últimos anos, a indústria farmacêutica tem trabalhado no desenvolvimento de medicamentos que atuam sobre os receptores do neurotransmissor melatonina. A melatonina endógena é secretada por uma pequena glândula endócrina, a glândula pineal, localizada perto do centro do cérebro que exerce a função regulatória sobre o ciclo sono-vigília. Já está disponível nos EUA o Ramelteon que é um agonista com alta seletividade para os receptores de melatonina MT1 e MT2 localizados no núcleo supraquiasmático, ou seja, simula a melatonina endógena parecendo ser um medicamento muito valioso para os pacientes que sofrem de insônia relacionada com disfunção no ciclo sono-vigília.
Vale lembrar que a insônia pode ser um sintoma de um transtorno mental ou de uma doença orgânica, bem como um transtorno mental em si, além disso, existem diferentes tipos de insônia, por isso, é muito importante à avaliação por um profissional especializado para o tratamento adequado.
Referências:
• Sukys-Claudino L et al. Novos sedativos hipnóticos. Rev. Bras. Psiquiatr. vol.32 no.3 São Paulo Sept. 2010
• Sthal, S. M. Sthal’s Essential Psychopharmacology: Neuroscientific Basis and Practical Applications. Fourth Edition – New York: Cambridge University Press, 2013.
Leonardo Alovisi Martins, Médico Psiquiatra, CRM 27614 – RS.
1.
O que é terapia cognitiva-comportamental
(TCC)?
A TCC surgiu no final da década de
1960, quando Beck dedicou-se a uma série de experimentos para validar a terapia
psicanalítica no tratamento da depressão, no entanto, os resultados dos
experimentos apontaram que esta terapia não era eficaz para pacientes com
depressão, isso levou Beck a buscar outras explicações para a depressão. Ele
identificou cognições negativas e distorcidas (principalmente pensamentos e crenças)
como característica primária da depressão, então ele desenvolveu um tratamento
de curta duração, no qual um dos objetivos principais era o teste da realidade
do pensamento depressivo do paciente, a qual denominou originalmente “Terapia
Cognitiva”.
Atualmente, Terapia
cognitiva é uma das poucas formas de psicoterapia que foi cientificamente
testada e vista como efetiva. Ela tem sido amplamente testada desde que foram
publicados os primeiros estudos científicos, em 1977. Até o momento, mais de
500 estudos científicos demonstraram a eficácia da Terapia
Cognitivo-Comportamental para uma ampla gama de transtornos psiquiátricos,
problemas psicológicos e problemas médicos com componentes psicológicos, uma
lista completa pode ser encontrada em www.beckinstitute.org. Centenas de estudos científicos também
validaram o modelo cognitivo da depressão e da ansiedade.
2.
Que teoria está por trás da Terapia
Cognitiva-Comportamental?
A TCC está baseada no modelo cognitivo: O modo como às pessoas percebem e interpretam suas
experiências determina as emoções e os comportamentos frente a elas. Por exemplo, uma pessoa que
leia este texto poderia pensar: “Uaul, isto parece bom, é justamente o que eu
sempre procurei!”, e sentir-se-ia feliz e motivada. Outra pessoa lendo o mesmo
texto poderia pensar: “Bem, isto parece bom, mas não sinto que possa fazê-lo!”,
provavelmente, sentir-se-ia triste e desencorajada. Então, não é a situação que
diretamente afeta como uma pessoa sente-se emocionalmente ou se comporta, mas sim,
os pensamentos desencadeados por ela. Quando as pessoas estão em estresse, elas
freqüentemente não pensam claramente e seus pensamentos ficam distorcidos de certa
maneira. A Terapia Cognitivo-Comportamental ensina habilidades para as pessoas identificarem
seus pensamentos distorcidos e avaliarem quão realísticos eles são e, por fim,
encontrar modos alternativos de pensar. Quando elas pensam mais
realisticamente, elas se sentem melhor e tomam decisões mais apropriadas. Ainda,
a TCC se apóia também no modelo comportamental de aprendizados como: o
condicionamento clássico em que a pessoa experimenta emoções desagradáveis em
determinadas situações por ter condicionado tais emoções a elas, as quais se
mantêm devido ao comportamento de evitação; o condicionamento operante em que
os comportamentos aprendidos aumentam a probabilidade de ocorrer de acordo com
os reforçadores do ambiente e o aprendizado por observação.
A TCC utiliza ainda de técnicas
específicas para redução da ansiedade, resolução de problemas e maior eficácia
nos relacionamentos interpessoais.
3.
Como estar pronto para fazer a TCC?
Primeiro passo importante é estabelecer
metas. Pense quais sintomas vem incomodando você e quais você gostaria de
aliviar ou eliminar? Pergunte-se: “Como eu gostaria de estar diferente ao
término da terapia?”. Pense especificamente sobre mudanças que você gostaria de
fazer no trabalho, faculdade, em casa, no seu relacionamento com a família,
amigos, colegas de trabalho, e outros. Pense sobre outras áreas que gostaria de
melhorar em sua vida: possuir interesses espirituais/intelectuais/culturais,
fazer exercícios, diminuir maus hábitos, aprender novas habilidades
interpessoais, melhorar manejo de habilidades no trabalho e
O
terapeuta lhe ajudará a avaliar e refinar estas metas, juntos, vocês podem determinar
quais metas você poderia trabalhar sozinho e quais você poderia querer
trabalhar em terapia.
4.
Quanto tempo dura a terapia?
A
não ser por restrições práticas, a decisão a respeito de duração do tratamento
é feita cooperativamente entre terapeuta e paciente. Freqüentemente, o
terapeuta terá uma idéia grosseira após uma sessão ou duas de quanto tempo
levará para você alcançar as metas que você estabeleceu na primeira sessão.
Alguns pacientes permanecem em terapia por um período breve de tempo, de 12 a
14 sessões. Outros pacientes que tem problemas de mais longa data podem
escolher ficar em terapia por muitos meses. Inicialmente, os pacientes são
vistos uma vez por semana, a não ser que estejam
5.
E quanto à medicação?
Quadros leve a moderado de ansiedade e
depressão não requerem o uso de medicação, quadros mais intensos respondem
melhor à combinação de medicamento mais psicoterapia.
REFERÊNCIAS:
- Beck A, Rush A, Show B, Emery G. COGNITIVE THERAPY OF DEPRESSION.
Guildford Press, New York, 1979.
- Beck J. TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL. Teoria
e Prática. 2° Edição – Porto Alegre ; Artmed, 2013.
Leonardo
Alovisi Martins, Médico Psiquiatra, CRM 27614, com Especialização em
Psicoterapia Cognitivo-Comportamental.
Passo Fundo –
RS, dia 21 de novembro de 2016
Tem crescido a demanda por tratamentos não
medicamentosos através do uso de suplementos alimentares entre as pessoas que
sofrem de depressão. Enquanto algumas pessoas recorrem ao uso de suplementos
porque tem preconceito de tomar medicamentos antidepressivos, outras buscam nos
suplementos alimentares um complemento ao tratamento médico usual para aumentar
o senso de saúde e bem estar.
Uma revisão, realizada em 2015, por médicos
da Nova Zelândia e da Austrália sobre esse tema, apontou que alguns suplementos
como pílulas de Ômega-3 ricas em EPA podem ser efetivas no tratamento da
depressão, em especial, quando utilizadas junto com um antidepressivo.
Apesar de ainda não haver estudos
suficientes, suplementos de Zinco, ou de Folato, ou de S-Adenosil-Metionina
teoricamente podem potencializar o efeito dos antidepressivos.
Por outro lado, não há evidências de que
complementos multivitamínicos tenham algum benefício no tratamento da
depressão.
O mesmo grupo de médico, após avaliar
vários estudos, pontuou a importância da dieta, do exercício físico e de
hábitos saudáveis. Eles verificaram que uma dieta saudável diminui os riscos de
ter depressão, por exemplo, a dieta Mediterrânea reduz em 30% o risco da doença
(Psaltopoulou et al., 2013), enquanto uma dieta não saudável está diretamente
relacionada a diminuição da saúde mental entre crianças e adolescentes.
Exercícios físicos também são um fator protetivo contra a depressão, além
disso, 11 estudos clínicos controlados concluíram que a prática de atividade
física é uma intervenção altamente efetiva no tratamento da depressão, no
entanto, é pouco prática, já que é um desafio enorme conseguir que pacientes em
depressão severa comecem a fazer atividade física. Por fim, o grupo que
realizou as diretrizes australianas e nova zelandesas para o tratamento dos
transtornos de humor apontou que parar de fumar está associado com a redução da
depressão, da ansiedade, do estresse, com a melhora do humor positivo e da
qualidade de vida.
REFERÊNCIAS
Royal Australian
and New Zealand College of Psychiatrists clinical practice guidelines for mood
disorders, Australian & New Zealand Journal of Psychiatry, 2015, Vol.
49(12) 1087–1206.
Leonardo Alovisi Martins, CRM – RS 27.614,
Médico Psiquiatra
Passo Fundo – RS, dia 18-11-2016.